segunda-feira, 18 de junho de 2007



Sente-se, meus verbos serão todos tão imperativos quanto meus desejos. Voltarei quando você se sentar. Ainda, anda, senta. Não, volta, senta. É vazia a boca que te cospe. É manco o gesto que te interrompe. Senta e podemos até criar um livro de provérbios milenares. Ejacular a faca da sua mão. Tombar sobre a pedra crânios vermelhos. Senta, vamos tentar. O tempo está bom, senta. Guardarei a sobremesa permanecerei quieta, aqui, neste mesmo lugar. Você agüenta esse pulso, a pele espessa, os tendões. Você senta e eu te compro uma revista, um bombom, haverá uma brisa. Faço companhia até alguém voltar. Discutiremos cidades, concreto, áreas de lazer. Concordaremos. Farei café e o tempo vai passar. Estaremos despertos, de pé, sobre a pedra fundamental. Afundaremos juntos, porque cabe a nós e a mais ninguém. Assistir programas na televisão, dormir tarde, ter cachorros, filhos, paredes, cds. Não sucumbir ao sorriso do céu cinzento deixar que uma nuvem apenas espanque nossos corpos sobre o asfalto, despenque molhada, gasosa e, gentil como carne de mãe, não provoque nenhum espanto. No tempo, as roupas irão secar.

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